Potencial 3 - Cabeça Torta

[Intro]
Pelo que já passei, por tudo que eu vivi
Existe uma experiencia a qual não esqueci
É mano meu e sei, desgosto que senti
Quando os otários fardados tiveram por aqui
Seu quadro mais parecia uma natureza morta (morta)
Pararam, apontaram, atiraram, mataram
Mataram o cabeça torta (torta)
Vivia iluminado pelo farol da rota (rota)
Pararam, apontaram, atiraram, mataram
Mataram o cabeça torta (torta)
Camarada pessoal pensamento irracional
Dificuldade verbal, não tirava sua moral
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
[Verso 1]
*Algo em mim também morreu*
Nós eramos pirralhos e fomos criados juntos
De molecagem às pilantragem já fizemos muito
Roubando picolés por sermos aventureiros
E muitas vezes por faltar um misero cruzeiro (pode crer) né
Nos dias em que tínhamos escola
Passávamos a maior parte do tempo na bola
Isso quando não tinha greve para nos ajudar
Professores desmotivados não queriam ensinar
Outros que passavam, alunos ricos na frente
Achando que pela pobreza éramos incompetentes
Filhos da puta que não nos queriam na escola
E sim na rua roubando ou cheirando cola
Também colávamos nas provas por preguiça de estudar
Nossa vontade mesmo era pra rua voltar
A violência que se gera pela discriminação
Pode muitas vezes, não ter uma solução
Nos éramos mordidos, pois éramos sofridos
Desde de criança a miséria tínhamos vivido
Cabeça torta seu apelido na adolescência
Não pelo fato da cabeça, pela consciência
Não passava por obstáculos, tomava atalho
Pois achava mais fácil, seu pensamento falho
Faltava raciocinar, seu dia a dia encarar
Realidade das ruas e na vida lutar
[Refrão]
*Velho companheiro*
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
*Que saudade de você*

[Verso 2]
Não acreditava em Deus, ele era ateu
Era uma grande diferença entre ele e eu
(As) menininhas na adolescência nos desprezavam
Por que dois pobres miseráveis não era viável
E quando íamos ver trampo que decepção
Nos excluíam pela aparecia até então
Éramos pau pra toda obra de todo patrão
Tudo que sonhávamos era pura ilusão
A violência que se gera pela discriminação
Quase sempre nos deixa só uma solução
Evidencia constante começou se transformar
Temperamento estranho (não) ficava em seu lar
Passou rapidamente para criminalidade
Roubando friamente se tornando um covarde
Perdendo coletividade com os manos de infância
Por que na sua mente (só) cabia a ganancia
Não levava mais aquela vida sadia
Por que o Lúcifer da sua vida ria
Com toda felicidade por ter conquistado
Mais um soldado pra ele, outro destino marcado
No trafico de drogas batia cartão de ponto
Se tornando o mais fraco, se tornado o mais tonto
A cada dia que passava sua grana crescia
Mas a polícia na sua mira e ele nem percebia
Dormindo a cada dia com uma das suas vadias
E no joga carteado a sua grana perdia
[Refrão]
*Velho companheiro*
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
*Que saudade de você*

[Verso 3]
Ele tinha que ter superado tudo aquilo
E ter sido capaz e pro seu pai um bom filho
Pois como a gente milhões sofriam constantemente
Para esquecer o passado e se acender pro presente
Pra viver seguro, ser homem para o futuro
Estava muito verde imaginando ser maduro
E aquele dia não haveria Superman ou Zorro
Que escapasse da polícia em cima do morro
Cabeça torta foi levado para a detenção
Onde morreu assassinado por um outro irmão
Consequência do que fez, da vida que Deus lhe deu
Quis levar vida fácil e então se fodeu
Não quis ouvir o conselho de irmãos de fé
Não foi feliz num barraco e morreu num chalé
Não seja um cabeça torta então
Parem de matar irmãos, pois sangue não é solução
Só os fracos sobrevivem neste mundo cão
E lágrimas não curam falta de razão
Se você ouve um recado desse e se esquece
Uma rajada na cabeça é o que você merece
Nós somos realistas (potencial)
E por onde passamos deixamos nosso ideal
Também, também tentamos conscientizar
Toda periferia escrachada a lutar

[Refrão]
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
*Algo em mim também morreu*

[Verso 4]
A violência que se gera pelos dias na prisão
Não cicatriza, enlouquece, desmoraliza e não tem solução
A gente aqui se desespera, lá ninguém socorre
E um pedaço nosso vai quando um mano morre
Pensa muito e não disse o que sentia
E até esquece que amanhã vai ser outro dia
Nem quero acreditar naquilo que ouviu
O que sera que ele sentiu, deve ter sido frio
A morte no meu pensamento, palavras ao vento
Mal pressentimento, ele não estava atento
A sua vida foi assim simples questão de sorte
Viveu a vida toda, adiantando sua morte
Vida vadia que tinha, mas ele só queria
Que sua mãe não ficasse no tanque todo santo dia
Agora ele morreu, sobra vila, sobre eu
Mas a felicidade por aqui desapareceu
Como não fosse previsto, não esperassem por isso
Como não acreditassem no que havia visto
Daqui eu vejo dois negrinhos brincando
Parece que foi ontem que mataram meu mano

[Refrão]
*Velho companheiro*
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
Cabeça torta (tá, tá) era seu nome e tal (mas)
Mas acabou se entregando pro mundo do mal
*Algo em mim também morreu*
*Que saudade de você*

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